LVIII

Porque tenho que falar de flores
quando espinhos são tão belos?
Sabe,
jamais me deparei com um dragão de cetim fúcsia.
Florais de Bach curam,
corais de Bach curam.
Baqueamos...
Dragões de cetim ou chita,
espinhos de flor ou peixe,
testas de ferro e suor,
testes de audiência,
flores de plástico,
velas de sete dias,
uma Ave Maria,
teclas de marfim em preto e branco
e dedos infinitamente longos a tocar,
a tocá-las,
a tocá-lo perigosamente,
em sua semente de flor,
ou em sua sementeira de espinhos,
de espinheira arrebatadoramente santa.
Quero dançar no porto da noite,
por toda uma noite,
pairada no ar sobre o seu coma,
sobre o seu carma,
sobre nossas camas,
ao som das batidas do meu coração
que bate muito mais rápido que o seu.
Quero chá de ervas,
gosto de hortelã,
textura de avelã,
as tuas costelas,
o teu cheiro de macho
e todos os nossos fios,
interruptores e vetores que,
vez por outra,
deletamos juntos por justas causas.
De leve,
tatuagem não é corpo,
é alienígena no corpo.
Não tente me enganar.
Continuo pilhada e,
no entanto,
contida,
represada,
a ponto de explodir,
a ponto de pontos de partida.
Quero muito beijar a sua boca.
Quero beijar muito a sua boca.