XLIII

Árvore lindíssima (assim mesmo, no superlativo!),
de copa frondosa e raiz curiosa,
de tronco largo como a sequóia.

Minha árvore de sombra luminosa
que me obrigava de nada
e me abrigava de tudo.

Sinto falta do cheiro da sua casca
e de ter licença de subir
até seus mais altos galhos
para, de lá,
poder ver tudo,
ouvir o nada...
Quanta paz!

Árvore lindíssima,
sou a águia que roubava os seus frutos
para degustar o doce sabor do seu espírito.

Meus olhos enxergavam inícios,
nunca o fim.
Agora mal vêem a ponta do meu próprio bico.

Sinto-me hoje um papagaio anilhado,
de asas cortadas, acorrentado,
sempre repetindo as mesmas velhas piadas...
sem graça.

O que me encantava
era o vôo livre, selvagem,
com as minhas largas asas de águia
a pousar no meu ninho,
seu centro
e lá, abrigar seu coração
com a parte mais alva e macia,
mais limpa e pura da minha plumagem,
só para aquecer a sua alma.

Não vôo mais, divago.

Escrevo, já que ao te ver,
me calo
fascinada!