XV

Perdera totalmente o controle.
Havia engolido litros e litros de ar azul
durante um beijo roubado
em meio a um sonho casual.
O contato dos corpos se dera em plena terça,
em frente à guarita
reservada ao horário especial
de uma noite de tempestade e medo.
Talvez a saudade houvesse fabricado
aquela pequena fraqueza,
aquele fracasso,
tamanho desconforto e cansaço.
Alguém à esquerda ou à direita dos acontecimentos
presenciara o inconfessável,
e a indisfarçável distância daquele ser
de seu habitual modo de ser.
Vestia vinho,
um manto vinho como sangue.
A saudade, mais uma vez,
talvez houvesse alcançado
o insuportável ou a precariedade
de permanências
incapazes de racionalidade,
silêncio ou atitude.
De fato,
os fatos concorrem em duas vias,
em mão dupla,
contrárias direções.
Agulhas, dedais, linhas,
e inocência.
Linhas, cerol e pipas verdes
a navegar o céu de uma única boca,
vermelha e úmida,
a caminho de uma viagem
sem destino,
sem volta.
Tudo!