I

Todo um movimento existe
entre a vida e a morte,
entre o despertar e o adormecer,
entre o sul e o norte,
entre o ignorar e o conhecer,
entre o Sol e a Lua,
entre a minha casa e o fim da rua,
entre a minha pele e a sua,
entre o meu sexo e o seu,
entre o seu desejo e o meu,
entre as páginas dos livros que você me deu,
entre nossas opções e verdades,
entre o nosso gostar sem vaidades,
entre decisões e vontades,
entre nossas dúvidas e acertos,
entre encontros e pretextos,
entre cada conta do terço,
onde sempre peço por você,
entre os meus olhos e o seu olhar
que me move a despertar
pro sentido da vida,
pro sentido de amar,
pra mulher que hoje sou,
pro doce homem a quem me dou.
E posto que movimento há,
entre o vinte e nove e o vinte e seis,
entre um não e um sim,
entre aquele abraço e o primeiro beijo,
entre o primeiro e todos os outros beijos,
entre agosto e agosto,
entre a minha língua e o seu gosto,
entre o céu e a terra,
eu por vezes terra, ora céu (assim espero),
já você, sempre a imensidão do céu,
dedico-lhe o meu melhor sorriso,
de um canto ao outro da minha gulosa boca
que simplesmente adora a sua.