Você é como manga espada madura no pé.
Daquelas que nascem no galho mais alto
da mangueira mais frondosa.
Daquelas que matam a gente de cegueira
por tanto desejar.
Daquelas que, depois da chuva,
“Sol com chuva, casamento de viúva”,
chuva fina, chuva rala,
água boa de florada
e de espetáculo de arco-íris,
revela-se mais amarela do que ouro
e brilha lá no alto,
só pra atentar a gente.
Você é “A” manga espada.
Daquelas bem suculentas,
que a gente arranca a casca no dente
e chupa com vontade,
da polpa ao caroço,
sem cerimônia,
sem vergonha,
até se lambuzar da cabeça aos pés.
Depois sorri feliz da vida,
com os dentes cheios de fiapo,
o rosto todo melado,
e os olhos brilhando de tanta satisfação!
Como é que se enjoa disso?
E ainda querem me fazer crer que gula é pecado!
Quem inventou esse pecado
decididamente não tinha quintal.