XXXVII

Enquanto caminho observo,
absorvo,
abstraio.
Enquanto alimento
sorrio ou choro.
Depende do clima,
depende da luz,
vela, abajur.
Respiro fundo,
experimento o que o meu preconceito permite.
Enquanto enxugo
inundo e navego.
Enquanto obsceno,
sonho ou castigo,
enceno.
Cavalgo cada vez mais fascinada.
Entre os muros que ergui nada se esgota.
Ao contrário, transborda, inspira...
Quero as janelas do mundo,
portas, caminhos,
oportunidades, espinhos.
Quero provar de toda carne e todo vinho,
de todo o suor que eu puder extrair,
da boca que insistir em me provocar,
dos olhos que quiserem me despir,
das mãos que ousarem me tocar.